Ojos azules

É muito louco pensar nas condições em que podemos nos apaixonar. Nunca te vi ao vivo, mas sinto que te conheço, que compartilho de tantos dos seus pensamentos, das suas angústias. É só um sentimento, mas mesmo quando você insiste em ensinar verbos no subjuntivo, e eu me esqueço de entender, eu me sinto plena. 

Os minutos voam na sua classe, mas passam tão devagar quando espero uma resposta. Mesmo que a resposta seja: “puedo a las 9:30”. Desde a primeira vez em que te vi te achei intrigante. Você parece ter 12 anos, ser frágil, se movimenta de forma bonita e leve quando põe uma música. Mas eu sei que você é forte e talvez até agressiva às vezes. Você acha que não, mas assim como eu, não tem medo de mostrar suas vulnerabilidades.

E ao mesmo tempo que eu quero mais alunos na sua aula, porque sei que isso te faz feliz, eu quero que todos saiam pra que só nós 2 fiquemos conversando até depois de passar o horário. Seila, não tem um minuto que eu não pense em você.

Doce sexo.

Quase não podia respirar, tudo estava quente, mas mal sabia que ia esquentar muito mais. 

Tudo é suor, seus beijos são molhados, nossa energia irradia o quarto. 

É tudo tão intenso que eu sinto que vou morrer, e poderia, estaria feliz. Mas ainda assim eu quero mais. Te instigo, digo “me come”, falo “me arranha, vai, mais forte”. E eu quero gritar, quero dor, quero um prazer que transcenda.

Mas tem gente perto, acho que o barulho foi um pouco além do adequado, talvez tudo tenha sido. Mas porque se adequar se você pode experimentar tão além? Pra quem queria gritar, eu fui até bem respeitosa.

Eu quero mais, quero você inteiro dentro de mim, não só hoje…sempre, te engolir, te morder, chupar sua pele translúcida até sair sangue. 

Queria que meu coração voltasse a bater normal, mas ao mesmo tempo explodisse. Eu queria me transformar em mil e vivenciar tudo ao mesmo tempo, não só o meu prazer, o seu, o de qualquer outra pessoa. É extremo e eu ainda preciso de mais.

Minha Angel

Te coloquei na cama comigo e te abracei. E você que não parava quieta, ficou lá, recebendo carinho e também dando só com o seu olhar. Eu chorava e você me olhava sem entender, ou talvez entendendo tudo. Depois de quase 16 anos, foi a primeira vez que você ficou assim comigo, menos inquieta, e parece que ronronava como se fosse um gatinho. E você é também, pra mim você foi e é tudo. Depois de uns minutos se cansou, queria pular da cama, mas eu te deixei no chão com cuidado. Lembrei que precisava te dar 3 comprimidos. Depois de tanto carinho, um pouquinho de tortura, porque sim, é torturante te imobilizar, colocar comprimidos e fechar sua boca enquanto você se contorce e não entende nada. Mas também é um tipo de cuidado, o cuidado que conhecemos. Você também está com aqueles capacetes de plástico e não consegue andar sem esbarrar em tudo. Parece a luminária da Pixar, mas que não pula, e nem come. Quem diria que logo de você não vou precisar esconder meu prato de almoço e vou ficar extremamente triste por isso, sinto saudades de quando você pulava e tentava abocanhar nossa comida à força. Porque você tem quase 16, todo mundo falava pra eu “me preparar”, mas não tem preparo, você olha pra mim inocentemente, eu estou chorando, e digo o que te disse já tantas vezes: “me desculpa”.

Más uno.

Nos conocimos en una institución psiquiátrica

Pero no pensaba en lo loca que me dejarías

Loca de amor

Loca por me sentir viva

Loca de rabia

Eras mi amigo y encuanto el mundo se acababa afuera

Tocaba la guitarra mientras yo cantaba

Contigo me sentía en una colonia de ferias

Pensaba que estaríamos juntos por toda nuestra existencia

Pero ahora no quiero más verte en mi puta vida

Lembrava de todas mis historias

Y eran muchas

Hablaba conmigo por más horas do que tiene el dia

Decia que me amaba

Pero solo quería mi atención, soy buena en eso, ¿no?

Hoy sabemos que todo lo que me prometió

Solo lo hice a ella

No me hace falta la exclusividad

Pero pensar que por un año todo lo que viví fue una mentira

Me duele mucho

Y se que lo fue

Porque en el momento que consiguió de ella 

Lo que yo te daba todo el tiempo

No habló más conmigo

Aparentemente su depresión no más existía

Todo estaba bien

Pero para mi no

No más creo que el amor sea para mi

Las personas siempre traen mucho para nuestras vidas

Y tú me he hecho una persona que no confía en nadie.

Cronos.

Modo de vida

Tudo cro-no-me-tra-do

Ler um livro por 45 minutos 

Estudar para o canto por 1 hora

Meditar por meia hora

Assim corre o sábado

Dia de lazer que mais parece de afazeres

Tudo é rotina, obrigação

Nada se faz sem ansiedade

Até ter que meditar causa agitação

Mas é como é

Cronometra que você tem a chance de fazer

Tudo o que quer

Cartas por whatsapp

Sinto falta do seu lado bom…muita falta…Mas ao mesmo tempo não sei se vale a pena a gente voltar a se falar porque eu estaria vivendo uma dupla instabilidade: a minha e a sua. É sempre assim: eu confio em você e você é maravilhosa, até ser horrível e me fazer questionar tudo na vida. Eu reconheço que tive uma mãe amorosa também, mas viver entre o amor e o caos é muito doloroso e há muito caos em mim. 

É difícil ver como você não se conhece nada, e não procura se conhecer, não percebe o estado em que você está, o que você sente…é difícil ver a forma como você não assume responsabilidade sobre nenhum dos seus atos e espera que os outros se subjuguem a você…parece q o seu orgulho é maior do que qualquer sentimento que você já teve por mim.

Eu não queria nunca mais te falar nada, mas eu sinto essa necessidade, mando isso num momento impulsivo…não queria que tudo fosse como é. Eu sonho com o dia em que nós duas nos libertarmos de tudo que é patológico, de tudo que é ego, eu queria algum dia sentir o que é viver em paz, mas infelizmente não acho q isso vá acontecer.

Madrugadas

São 2:23. Não consigo dormir de novo. Penso em tomar olanzapina, o único remédio que me faz capotar, mas lembro que ele também me faz ficar dopada no dia seguinte e eu preciso estudar muito. Tomo 10 gotas de Rivotril, realmente ele não faz mais nenhum efeito em mim…coloco uma meditação guiada de 10 minutos pra fazer e quase não chego ao final, me dá um desespero: preciso falar com a minha mãe. Mando uma mensagem que não queria mandar, ou queria? Não sei. Não sei o que fazer sobre nada, não tenho com quem conversar sobre tudo, sinto que eu não existo. Mas talvez nada exista, afinal. Queria voltar ao passado e fazer as coisas de uma forma diferente, mas que condições tinha a eu do passado? Coitada, sabia tão pouco sobre tudo… mas ela tinha esperança, via um brilho no mundo, tinha sonhos de sobra. Agora eu sei muito mais, tenho algum controle, mas pelo que eu espero? A resposta dessa pergunta é só enfadonha para todos que me conhecem, até mesmo para mim. Não adianta tentar dormir agora, com a energia que eu estou dava pra cogitar escalar o Everest. Mas é uma energia inútil, sem propósito, não adianta fazer nada com ela, só esperar passar…esperar passar os dias em que ela está presente, os meses, anos. Eu ia dizer “esperar ela acabar com tudo”, mas lembrei que já não tenho mais nada.

Liberdade?

Nossa ilusão de liberdade é catatônica, na verdade tudo está determinado. Como é dito no filme “Coringa”: “a pior coisa de se ter problemas psicológicos é que as pessoas esperam que você aja como se não os tivesse”. Não, não é a pior coisa, mas é bem bosta, porque o mundo já tem como pressuposto a forma como você deve agir. Até do que você ri, é julgado, e não estou falando de piadas que machuquem os outros. Se machuca, talvez seja ok guardar pra si,  mas você não pode pode simplesmente gargalhar na rua por algo que viu e só você achou graça. Se só você achou graça, você é um bobão. Eu achava que só a tristeza, os desejos suicidas tivessem que ser guardados a sete chaves, mas o riso também, tem que ser um riso sobre o que foi condicionado que se pode rir, no momento certo e num período de tempo adequado. Ao prendermos o riso, só alimentamos mais tristezas, e de nada se pode falar, nada se pode viver, só se for escondido. São tempos de muita repressão com cara de liberdade.

Aquele dos 25.

Foi minha decisão 1.ter mantido minha inocência 2.ter falado demais desde muito cedo 3.ter quase comido uma barata 4.ser teimosa 5.perguntar sobre absolutamente tudo 6.desenhar bonecas sem braços 7.empurrar uma cadeira com uma menina junto 8.sentir muita culpa por quase tudo 9.nunca usar os 5 graus de óculos e passar a odiar esportes por não enxergar a bola 10.ser desafiadora e não ouvir ninguém 11.sorrir 12.pensar em suicídio 13.trocar almoço e jantar por chocolate e engordar demais 14.achar que números em provas definem quem você é 15.fingir que já tinha beijado e ter que dar o beijo mais gosmento em um menino que não conhecia 16.trocar meus valores em formação por uma paixão que só aconteceu na minha cabeça 17. entrar na faculdade mas passar a maior parte do tempo no bar 18.aproveitar a maioridade pra ir em um lugar que meus pais não aprovavam: um psiquiatra 19.ter vivido um amor dos sonhos até virar pesadelo 20.botar a mala e morar 6 meses na Finlândia sem ter um pingo de medo 21.perceber que a realidade dá mais medo que a fantasia 22.criar um milhão de valores tortos que fazem sentido pra mim 23.perceber que tudo vai passar então, se não der certo, vão ter outros lugares pra errar 24.me tornar um pouco responsável e metódica 25.estar aqui

I have a dream

Meu sonho não é o emprego dos sonhos. É só falar com vocês quando eu quiser, não ser chantageada, menosprezada por depender do seu dinheiro. Meu sonho é ouvir desaforos e daí ir pra minha casa (sim, eu teria minha casa, a primeira!) e ficar semanas sem pensar nisso, sem pensar em vocês. Não quero lhes apagar por completo, mas quero ter uma vida completamente separada, na qual vocês só vão saber o que eu quiser e nada mais. Aliás, quero ser mesmo como um fantasma, as pessoas vão saber cada vez menos de mim. Afinal, ninguém quer saber mesmo de ninguém. Quero morar longe, chega de Vila Romana. Quero o centro, badalações, quero trazer amigos pra casa e amigos de amigos, e depois também ficar sozinha um bom tempo. É tão perfeito que me faz chorar. E se for só um sonho